A devoção à Nossa Senhora começou na aldeia de Dong Lu em 1900. Todos os anos, centenas de milhares de peregrinos vêm rezar diante de Nossa Senhora de Dong Lu.
Durante o mês de maio de 1994 todas as estradas que conduzem a Dong Lu foram fechadas pelo governo. Não apenas isto. Em todas as vias de acesso para Dong Lu e cidades vizinhas foram colocadas barreiras. Ali só podiam passar quem era identificado pelas autoridades como "não-católico". Assim mesmo vieram pessoas de todas as partes do país. Vieram a pé ou de bicicletas, em automóveis e caminhões, através de caminhos pouco conhecidos para evitar a repressão do governo.
Vieram à " Colina da Mãe " para rezar. Nos lados da estátua escreveram dois versos. Em um lado lê-se: "A cabeça da serpente é esmagada. Debaixo de que pés foi derrotada "? No outro lado: " Meu filho, por que você está amedrontado? Sua mãe está a seu lado".
Em outra parede, havia um enorme aviso anunciando o atentado sofrido pelo Papa na praça São Pedro, em Roma, e pedindo orações e sacrifícios pela recuperação dele.
Dezenas de milhares de pessoas ajoelharam-se diante da imagem com as mãos colocadas sobre o peito. Depois de uma longa repressão do governo comunista, os católicos não puderam controlar a emoção, seu amor a Maria Santíssima. Muitos choraram copiosamente porque finalmente podiam ajoelhar-se aos pés da Mãe Santíssima, após quarenta anos de perseguições. E suplicaram: Querida Mãe, conceda-nos coragem para prosseguir nossa luta. Nós te pedimos: cuida da Igreja na China e salva-nos".
Muitos tocaram a imagem com seus rosários e quadros de santos. Estes objetos religiosos se transformaram em algo de valor inestimável. Jovens, anciãos, inválidos, fracos e fortes, todos unidos no amor à Mãe de Jesus. Havia pessoas de todas as idades. Era possível ver-se um mar de gente ajoelhada e rezando, ninguém distraído ou conversando. Uma senhora e uma criança ajoelham-se diante da imagem. Abraçada a seu filho, a mulher chora. Próximo dela um senhor de meia idade. Ele também rezava e chorava. Depois de tanta perseguição eles encontravam consolo em Maria. Ofereciam seus sacrifícios para o futuro da Igreja Católica Romana na China, pelo Santo Padre e pela Igreja Universal. Eles estavam muito felizes por ter chegado à Colina de Maria mesmo com tantos riscos pessoais e sacrifícios financeiros
O dia 24 de maio é o dia da festa mariana mais importante da China. O céu estava nublado. Começou a chuviscar. A Igreja subterrânea não tem nenhuma igreja em Dong Lu. A Missa era ao ar livre. Por volta das oito horas da manhã, a procissão para a Missa Santa estava começando. Quatro bispos e aproximadamente 120 padres que chegam das dioceses subterrâneas da China concelebraram a Missa, que teve como celebrante principal Dom Su Chi-Min, bispo auxiliar de Baoding. A procissão também incluiu mais de 100 seminaristas, 200 freiras, muitos diáconos e seminaristas do curso secundário. Os chuviscos se tornam uma chuva pesada. A procissão continuou. Nada poderia parar a devoção deste povo para com sua santa Mãe.
Imagine a cena. Havia mais de cinqüenta mil peregrinos. Poucos traziam guarda-chuvas. A maioria cobre-se com um pedaço de folha de vinil. Quando viram os padres, seminaristas e freiras no meio da chuva sem nada para cobri-los eles se empurraram tentando oferecer para qualquer proteção que seus guarda-chuvas ou vinil pudessem trazer. Em poucos minutos todos estavam molhados e empapados. Mas, com o seu espírito elevado, andavam e cantavam na chuva. Eles estavam empapados no amor de Nossa Senhora e na graça de Deus. Esta chuva limpou-lhes a alma. Com vigor renovado e determinação, unidos como Igreja clandestina e leal, eles marchavam contra a tempestade de perseguição. Nenhuma tempestade poderia detê-los na marcha. Nenhuma perseguição poderia esmagá-los. Após a tempestade virão dias ensolarados.
A Missa começou. Todos se ajoelharam na lama, mais de cinqüenta mil fiéis, ao som de hinos e orações. Comecei a pensar na história da Igreja na China: da perseguição da Igreja na dinastia de Qing para o regime comunista atual, a Associação Patriótica cismática, o encarceramento e tortura de bispos, padres, freiras, e fiéis, os milhares dos mártires, a destruição e confisco das propriedades de Igreja, a proibição para atividades religiosas! Todos ali testemunhavam que a Igreja católica romana está gemendo debaixo da perseguição do governo comunista, suplicando a misericórdia de Deus.
Aquela missa do dia 24 de maio de 1994 continua. A história da luta da Igreja na China é como uma Missa oferecida à Senhora de China e aceita pelo Deus misericordioso. Depois da tempestade da perseguição, com as sementes de martírio, a Igreja na China rebrotará com nova vitalidade.
Nossa Senhora de Dong Lu! Rogai por nós que recorremos a Vós!