Pe. Tiago Alberione fundou em 1914 um conjunto de instituições religiosas conhecidas como "Família Paulina", que hoje conta com mais mais de dez mil membros espaIhados pelo mundo inteiro. Inspirando-se na vida de São Paulo, o maior divulgador da mensagem de Jesus Cristo nos primórdios do cristianismo, instituiu a Pia Sociedade de São Paulo e a Pia Sociedade das Filhas de São Paulo, para se dedicarem ao apostolado da imprensa falada e escrita.
Em sua ação missionária o Padre Alberione sentiu, de maneira especial, a presença da Mãe de Deus, e quis que seus discípulos a venerassem sob o título de Rainha dos Apóstolos. Desejando uma imagem significativa para sua Padroeira, mandou fazer um grande painel da Virgem pelo artista romano J.B. Conti, para a igreja matriz das congregações, edificada em agradecimento à proteção de Nossa Senhora aos filhos e filhas espirituais durante a Primeira Grande Guerra. 0 pintor representou a Mãe Santíssima de pé entre os apóstolos, oferecendo ao mundo o seu filho Jesus.
Durante a última guerra mundial uma bomba caiu entre o Seminário e a Casa dos Irmãos e não atingiu nenhum deles, mostrando assim a benção de Maria ao trabalho Paulino.
Contudo, esta invocação não é recente, pois já existia nas Ladainhas Loretanas, instituídas por São Gregório Magno no século VII (apesar de alguns acréscimos posteriores). É também bastante conhecido nos meios artísticos um mosaico bizantino do século XII, na igreja do Torcello (Itália), no qual a Mãe de Deus aparece de pé com o Menino Jesus ao colo, rodeada pelos doze apóstolos.
Quase um século antes de Tiago Alberione, o fundador da Sociedade do Apostolado Católico, S. Vicente Pallotti, já havia colocado a sua obra missionária sob a tutela da Rainha dos Apóstolos, a fim de que os seus filhos, unidos em sincera e profunda devoção a Maria, com Ela e por Ela alcançassem as luzes e graças do Espírito Santo para tornarem-se destemidos propagadores do Reino de Cristo.
A sua Sociedade, composta de 3 grupos: os padres palotinos, as irmãs educadoras e os colaboradores leigos, lutou a principio com a incompreensão da comunidade de sua época, só obtendo maior apoio em nosso século devido a transformação da mentalidade católica, voltada atualmente para o campo social.
0 primeiro grande incentivo ao seu trabalho lhe foi dado pelo Papa Gregório XVI que, olhando com bons olhos os ideais de S. Vicente Pallotti e a nascente organização religiosa, ofereceu-lhes a igreja de S. Salvador in Onda, assim como o convento anexo, para sede da congregação. Procedendo as reformas necessárias, o Santo aproveitou a primeira oportunidade para ornar o presbitério com magnífica tela representando a descida do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos, reunidos no Cenáculo.
Após a morte de seu fundador, ocorrida em 1850, a Pia Sociedade passou por uma fase de estagnação, porém, abençoada por Deus, logo se reanimou, espalhando-se por todos os continentes.
Os colonos italianos radicados em 1878 na aldeia de Vale Veneto, Rio Grande do Sul, deplorando a falta de sacerdotes, resolveram enviar à Itália uma pessoa de confiança em busca de Padres, que atendessem as necessidades espirituais de suas famílias. 0 mensageiro dirigiu-se ao Superior Geral dos Palotinos em Roma e a 25 de julho de 1886 chegaram os dois primeiros padres, recebidos com manifestações de júbilo pela Colônia. Esta foi a residência inicial da Congregação na Terra de Santa Cruz.
A pequena semente cresceu e a obra dos missionários se espalhou, não só no Rio Grande, como nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, divulgando em suas igrejas o culto à Rainha dos Apóstolos.
Através da história das congregações Palotinas e Paulinas, a Santíssima Virgem tem-se manifestado como Mãe, Mestra e rainha dos apóstolos do século XX, atendendo solícita às súplicas de todos aqueles que de qualquer maneira trabalham para a salvação das almas e a expansão do Reino de Deus.
Assim como os doze Apóstolos e São Paulo foram chamados, também o foi Maria, que respondeu pronta e completamente ao chamado de Deus. Adicionalmente, desde o princípio Ela foi uma contínua fonte de inspiração na vida dos Apóstolos, especialmente depois da Ressurreição.
No ícone que acompanha este artigo podemos ver a Bem-aventurada Mãe circundada pelos doze apóstolos.
Maria pode ser considerada a primeira apóstola do seu Filho. Depois da passagem da Encarnação, Ela parte para visitar a sua prima Isabel, que já se encontrava no sexto mês da gravidez de João Batista. Fruto de um fino discernimento espiritual, a Rainha dos Apóstolos empreende a subida para a região montanhosa, levando em seu seio o Verbo Encarnado, a Palavra feita Carne.
Durante a sua estadia junto à sua prima Isabel, Maria serve e ajuda constantemente sua prima, já de avançada idade, mostrando-se solidária com ela. Ao mesmo tempo, leva o dom mais precioso que a qualquer ser humano se pode oferecer: o próprio Senhor Jesus, cuja presença João Batista, ainda no ventre de Isabel, percebe iluminado pelo Espírito Santo, dando pulos de alegria.
Assim como Maria coopera para que o Filho de Deus Se possa encarnar e salvar à humanidade, também coopera com a nascente Igreja, fundada por seu Filho sobre o fundamento dos Apóstolos. Estes perseveravam em oração junto a Ela, no Cenáculo, na espera do envio do Espírito Santo.
Uma manifestação desta condição de Maria, de ser Mãe e Rainha dos Apóstolos, são as tradições do século II em torno à Dormição de Maria, prévia a sua Assunção. Essas tradições retratam os apóstolos acompanhando Maria no leito da morte (todos exceto São Tiago o Maior, quem já tinha morrido e São Tomé, que se encontrava na Índia e não teria chegado a tempo).
**Para mais informações, o leitor pode consultar o seguinte artigo na internet: https://opusdei.org/pt-br/article/vida-de-maria-xix-dormicao-e-assuncao/
Oração: Maria de Nazaré por Deus escolhida, Para ser Mãe da Igreja, Da Cabeça e do restante do Corpo: És a Rainha das suas Colunas, Que são os Apóstolos, E dos seus Sucessores, os Bispos. Também és Rainha de todos os que, Unidos a eles, Participam da missão da Igreja, Por vosso Filho enviados, Para levar aos confins da terra a Boa Nova da Salvação. Intercedei por todos nós, para que sigamos vosso exemplo, Subindo montanhas, levando a Palavra, Pedindo, incessantes, a iluminação do Espírito, Não porque seja um motivo de glória, Mas uma obrigação que a Caridade nos impõe. Amém.
Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos! Rogai por nós que recorremos a Vós!