O título de Nossa Senhora dos Humildes é muito adequado a Maria, pois sua vida foi um exemplo de humildade. Ela pouco aparece nos Evangelhos e assim mesmo apenas nos acontecimentos ligados ao nascimento e infância de Jesus e em algumas passagens da vida pública de Cristo. Nos “Atos dos Apóstolos”, da autoria de São Lucas, Maria é citada como estando em oração com os discípulos, no Cenáculo, no dia de Pentecostes.
Em suas aparições, no curso da história, Ela sempre deu preferência a crianças, camponeses e pessoas modestas, como se pode observar: em Lourdes, Fátima, Salete, Caravagio, Guadalupe, etc. No “Magnificat”, a Virgem Santíssima defende os pobres e humildes e o Concílio Vaticano II, na Lumen Gentium, refere-se à Mãe de Deus como “a primeira entre os humildes e pobres do Senhor”.
Não conseguimos saber quem deu este título a Maria, nem quando começaram a usá-lo. Frei Agostinho de Santa Maria, em seu “Santuário Mariano” refere-se a uma Nossa Senhora da Humildade, venerada na Vila dos Arcos, em Portugal, cuja imagem, segundo a tradição popular, foi trazida da Índia por um devoto, em princípios do Século XVII.
No Brasil temos notícias da invocação de Nossa Senhora dos Humildes em registros de batizados encontrados na paróquia de uma pequena cidade, à margem da BR-101, próxima à Feira de Santana, na Bahia, datados de meados dos séculos XVIII. Wanderley Pinho, em seu “História de um Engenho no Recôncavo”, aponta o bandeirante Romão Gramacho Falcão como um dos prováveis fundadores da capela de Nossa Senhora dos Humildes. Todavia, Monsenhor Renato Galvão confrontando documentos da época, recua a construção do templo para o início do século e acredita que o rico sertanista baiano que ofertou um cacho de bananas de ouro ao rei de Portugal, teria apenas oferecido preciosas dádivas à capela de Humildes.
A igreja de Nossa Senhora dos Humildes, com arcadas alpendradas laterais, típicas de arquitetura setecentista, possui singela fachada, duas pequenas torres e no centro um frontão barroco, encimado por uma cruz. Está cercada por um gradil de ferro bem ao gosto do português.
A tranquilidade da população de Humildes foi abalada em 1838 com a ocupação das tropas de Sabinada, sob o comando de Higino Pires Gomes. Após combates e escaramuças os rebeldes foram derrotados pelas forças legalistas comandadas pelo general João Crisóstomo Calado. Localizada em próspera região canavieira, animada pelos grandes engenhos pertencentes a poderosa oligarquia rural, a antiga vila baiana se beneficiou também com a opulência da cultura do tabaco e intenso comércio de escravos, presenciando o terrível contraste entre a riqueza de poucos e a miséria de muitos.
Em Santo Amaro da Purificação existe uma igreja mais recente, dedicada à Virgem dos Humildes, centro de concorridas romarias e cuja Irmandade realiza grande festa no Mês de janeiro e solenes ofícios na Semana Santa. A matriz de Humildes, pela resolução provincial de 13 de julho de 1859, foi desmembrada de freguesia de São Gonçalo dos Campos e elevada a sede paroquial, tendo como primeiro pároco o Pe. Olímpio Cândido de Barros.
Na diocese de Picos (Piauí) existe também uma paróquia instituída em 1888, que tem como orago a Padroeira dos Humildes.
Tanto a movimentada cidade de Santo Amaro como o pacato distrito de Humildes, tradicionais centros agrícolas, tornaram-se atualmente polos industriais. Somente os velhos sinos de suas velhas igrejas foram testemunhos da formação histórica da Bahia, iniciada no Recôncavo para o interior com a penetração dos vaqueiros e sertanistas, que abriram as veredas para a conquista do Nordeste brasileiro.
Oração: 1Nossa Senhora dos Humildes, que inspirais todos os cristãos na vivência da humildade e da entrega pessoal, ajudai-me a realizar minha missão em vosso nome. Quero seguir o vosso exemplo de dedicação, doação e humildade. Inspirai-me cada dia para que eu não me desvie deste caminho. Amém.
Nossa Senhora dos Humildes! Rogai por nós que recorremos a Vós!çã