No dia 24 de agosto do ano 79 de nossa era, às 11 horas da manhã, os 25 mil habitantes da cidade de Pompéia, ao sul de Nápoles, dedicavam-se aos seus afazeres, quando um estrondo os levou à rua. Do Vesúvio subia uma imensa coluna de fogo. Momentos depois sua cratera começou a expelir pedras incandescentes. Uma chuva de cinzas, impregnada de vapores sulfúreos e de cloro, escureceu o céu. A população, em pânico, começou a esconder-se nas casas ou a fugir sem direção. Era muito tarde: em pouco tempo Pompéia e mais quatro cidades ficaram sepultadas sob 10 metros de cinzas.
Aos poucos foi-se perdendo a memória da tragédia e nos 1600 anos seguintes ninguém ouviria falar da cidade.No início do século XVII, o arquiteto Fontana redescobriu Pompéia. Mas só no final do século seguinte é que começariam os trabalhos arqueológicos sistemáticos, que continuam até hoje, para resgatá-la das cinzas.
Precisávamos dessa introdução para começar a falar de Bartolo Longo, filho de um médico da província de Brindisi, que tendo estudado no ginásio dos Padres Escolápios recebera educação cristã e aprendera a rezar e a amar o rosário.
Na Faculdade de Direito, contudo, deixou-se contaminar pela mentalidade anti-clerical e anti-religiosa que ali reinava, ingressando aos 20 anos no movimento revolucionário de Garibaldi, Cavour e Vitor Emanuel, destinado a levar a cabo a unificação italiana, com a eliminação dos Estados Pontifícios e a supressão do poder temporal dos Papas.
No entanto, um de seus professores, deixou-se impressionar pelas qualidades naturais daquele jovem, vendo nele, talvez, a possibilidade de reabraçar o catolicismo. Procurou o mestre conquistar a amizade do aluno, encaminhando-o a um frade dominicano, sob cuja influência Bartolo reencontrou a fé da infância. O jovem ingressou na Ordem Terceira Dominicana, decidiu-se a amar a Deus com todas suas forças, tomou como modelo o Coração Sacratíssimo de Jesus e entregou-se a obras de caridade.
Bartolo conheceu a condessa Marianna Farnararo, viúva, de muita fé. Essa dama o contratou com administrador de seu patrimônio. Assim sendo, em outubro de 1872, o jovem dirigiu-se ao vale de Pompéia, onde a condessa possuía terras. Aí encontrou muitos que trabalhavam nas escavações, afastados de qualquer experiência de fé. Uma voz interior lhe murmurou: "Propague o Rosário". Bartolo tornou-se catequista e apóstolo daqueles operários, incentivando-os a entrar na Confraria do Rosário.
Acompanhado de seu diretor espiritual, Bartolo começou a procurar uma imagem de Nossa Senhora do Rosário para a igreja paroquial. Certo dia uma religiosa, que soubera do que necessitavam, apresentou ao advogado uma pintura da invocação desejada, mas em péssimo estado. A condessa não se entusiasmou com a imagem ao vê-la tão danificada. Mas, à falta de melhor, a estampa, enrolada num tecido ordinário, foi colocada sobre uma carroça carregada de lixo que se dirigia a Pompéia. O Bispo de Nola, do qual dependia a região, decidiu construir uma igreja mais próxima do local. Com o dinheiro arrecadado para iniciar a obram mandaram restaurar e enquadrar a tela da Virgem do Rosário, expondo-a pela primeira vez à veneração pública no dia 13 de fevereiro de 1876, Desse dia até o 19 de março seguinte oito grandes milagres realizaram-se diante da modesta estampa. Os milagres tiveram ampla repercussão em toda a Itália. Bartolo era um homem de visão. Por isso viajou pela Europa pedindo donativos não só para o novo santuário, mas para outras obras que planejava. Em 1884 fundou um periódico chamado "O Rosário e a nova Pompéia", para o qual montou uma tipografia em que empregou crianças pobres da cidade, Criou um orfanato para os filhos e depois para as filhas dos encarcerados. Para a formação destas, fundou a congregação das Filhas do Santo Rosário da Ordem Terceira Dominicana.
A devoção à Senhora do Rosário cresceu tanto que, em 1887, recebeu a honra da coroação solene. A nova igreja foi consagrada em 1891 com o título de Rainha das Vitórias e, em 1901, foi elevada à condição de Basílica.
Vale lembrar que o título Nossa Senhora de Pompéia não é um novo título. Ele é a forma como se venera Nossa Senhora do Rosário na cidade italiana de Pompéia.
Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensinastes a recorrer a vós e com confiança chamar-vos de "Pai Nosso que estais no Céu". Ó Senhor, infinitamente bom, a quem é dado usar sempre de misericórdia e perdoar; por intercessão da Imaculada Virgem Maria, ouvi-nos, a nós que nos gloriamos do título de devotos do Rosário, aceitai as nossas humildes orações dando-vos graças pelos benefícios recebidos, e tornai perpétuo e cada dia mais glorioso o trono que lhe elevastes no Santuário de Pompéia, pelos merecimentos de Jesus Cristo, Senhor Nosso. Amém.
Nossa Senhora do Rosário de Pompéia! Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.