Nossa Senhora da Porta - Europa - 07/02

Há muitos séculos em quase toda região cristã da Europa, se criou o costume de colocar imagens sagradas nos muros das portas de entrada de cada cidade. Essa tradição representava, no imaginário coletivo, uma maior segurança e proteção, uma espécie de escudo místico da cidade.

A cidade de Guastalla, no norte da Itália, em 1646, era propriedade da aristocrata família Gonzaga. Nela a imagem de Nossa Senhora pintada no muro da chamada porta de São Francisco, junto do alojamento dos soldados, é uma obra do artista Damião Padovani, nascido alí. O quadro representa Maria com o Menino Jesus nos braços sendo ladeada por São Francisco de Assis e São Carlos Borromeu, aos seus pés.

Os dois Santos não foram escolhidos por acaso, mas sim por estarem fortemente ligados à cidade. Foi o próprio duque César I que chamou os franciscanos para administrarem a igreja. Depois, seu filho o duque Ferrante II projetou e ergueu um templo maior, muito rico e belo, para ser consagrado à São Francisco, proclamado por ele, padroeiro da cidade. O título só foi reconhecido mais tarde pelo Vaticano.

Quanto a São Carlos Borromeu a ligação é ainda mais estreita, pois sua irmã Camila casou-se com o duque César I. Com sua morte, Camila passou a reger a cidade e a presença do santo era muito constante e influenciou muito o sobrinho Ferrante II. Com três filhas dedicadas à vida religiosa ele mandou construir um mosteiro e uma igreja e os consagrou ao tio, já canonizado. 

Em 1689, os muros da cidade foram demolidos, restando apenas a porta de São Francisco com a antiga imagem, por integrar a construção do alojamento militar. No dia 07 de fevereiro de 1693, João Batista Zagni de Solarolo, idoso, cego e gravemente doente, com fé pediu ajuda à Nossa Senhora da Porta. Como não podia caminhar, pediu a um vizinho para acender uma vela para a Virgem Santíssima. Assim que a vela foi acesa João Batista se sentiu curado.